sábado, 27 de agosto de 2011

MEC estabelece novas regras para cursos de especialização

Foi homologado o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), pelo ministro em exercício, José Henrique Paim, em 01/08/11, que extingue o credenciamento especial de instituições não educacionais – conselhos de classe, sindicatos, organizações profissionais – para a oferta de cursos de especialização (pós-graduação lato sensu).
Estas organizações continuarão podendo oferecer os seus cursos, mas como cursos livres. Poderão também oferecer cursos de pós-graduação na modalidade strictu sensu, como mestrado profissional, sujeitos à regulamentação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A exceção refere-se às escolas de governo, criadas e mantidas pelo poder público, que poderão oferecer cursos de pós-graduação lato sensu, independente de credenciamento especial do MEC.


Comentário:

Ao buscar mais informações e opiniões em blogs, encontrei muito posts que equivocadamente elogiam esta decisão do MEC como uma forma de aumentar da oferta de cursos de pós-graduação, a partir do estímulo à modalidade EAD. Em meu ponto de vista, esta decisão reflete outras preocupações, relacionadas em particular à qualidade de ensino dos cursos à distância e, em particular, o compromisso acadêmico com o ensino e pesquisa na pós-graduação.
Ao atribuir a prerrogativa que apenas instituições de ensino ofereçam cursos na modalidade lato sensu, inclui a preocupação com elementos que nem sempre instituições não-educacionais (conselhos de classe, sindicatos, organizações profissionais) possuem, como uma equipe pedagógica para validação dos modelos adotados nos cursos à distância.
Em contrapartida, não limita a atuação destas entidades, permitindo que ofereçam cursos voltados para o mercado de trabalho, como cursos livres para educação continuada e pós-graduação strictu sensu, com a efetiva avaliação e regulamentação da CAPES.
Não podemos esquecer que no debate sobre EAD, a discussão pauta-se pelo tripé “educação, tecnologia e política”. Em outras palavras, para além do debate pedagógico sobre a escolha da plataforma tecnológica mais adequada ou recursos pedagógicos a serem adotados no curso, a questão política reflete a preocupação legítima do poder público sobre a regulamentação e qualidade do ensino, nos diferentes níveis.
A educação a distância é inegavelmente um instrumento de democratização do ensino, mas deve sempre se pautar pela qualidade.

Deixei um comentário com minha opinião no Blog Educação a Distância (http://www.educacaoadistancia.blog.br)

Para quem quiser ler mais opiniões, é só acessar link abaixo:

ANATED consegue liminar para retirar campanha “Educação não é Fast-Food” do ar

A campanha promovida pelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), em conjunto com outras entidades do setor, cujo slogan é “Educação não é fast-food – Diga não à graduação em serviço social a distância” gerou muito polêmica, seja entre docentes, acadêmicos e gestores educacionais.
Segundo a ANATED (Associação Nacional dos Tutores de Ensino a Distância), a campanha veio a público em maio deste ano, por meio de vários vídeos, materiais gráficos, disponível de forma impressa e online, e até mesmo um spot de rádio, que estava sendo veiculado em rádios comunitárias em todo o país, com o objetivo de dizer não a graduação a distância em serviço social. Entretanto, o material estava causando constrangimentos aos profissionais (tutores de EaD) e aos alunos desta modalidade de ensino.
Em ação cautelar promovida pela Associação Nacional dos Tutores de Ensino a Distância (ANATED), o juiz federal Haroldo Nader, da 8ª Vara da Subseção Judiciária em Campinas - SP, concedeu liminar no último dia 28, determinando a cessação da campanha publicitária. No dia 28/07/11, a Justiça Federal determinou a cessação e o recolhimento de todo material promocional (gráfico impresso e informatizado (disponível para baixar via internet): cartaz, cartão postal, marcador de página de livros, adesivos – relacionados à campanha “Educação não é Fast-Food”, bem como a cessação da exibição de todos os vídeos e da transmissão do spot, em seus sites e em todas as emissoras de rádios do país). O conteúdo estava disponível no site http://www.educacaofastfood.com.br/
Segundo o entendimento do juiz federal,  “o conteúdo em som e vídeos têm caráter altamente pejorativo ao ensino à distância em serviço social, abusando da simples crítica à qualidade daquele método. E expõem os consumidores deste método ao ridículo, tratando-os como pessoas de pouca inteligência e discernimento”, afirma em sua decisão.
Em seu blog, a ANATED divulga a notícia e se posiciona, conforme trecho a seguir por ela publicado em 01/08/11
“Excessos a parte da referida campanha (entende-se por excessos: vídeos, material gráfico e spot de rádio com falsas informações), se fizermos uma análise de alguns dos pareceres técnicos emitidos pelo CFESS, veremos que existem críticas construtivas que devem ser acolhidas pelos órgãos fiscalizadores (Secretaria de Regulação e Supervisão do Ensino Superior) e pelas demais entidades ligadas ao setor. Inclusive, algumas delas favorecem a nós próprios, os tutores, que merecem mais respeito no exercício de suas funções. Porém, o que jamais iremos aceitar é que alguém, seja quem for, se utilize de maneira escarnecedora, que segundo o dicionário significa ridicularizar, zombar, mofar, fazer pouco de tutores (profissionais em geral da EaD) e alunos, pelo simples fato de "querer chamar a atenção" para o problema educacional brasileiro. Ora, porque não falar do todo, ao invés de apenas boicotar a EaD? Problemas existem em todos os lugares, mas, francamente, você acha esse "excesso" responsável e correto, ainda mais partindo dessa entidade? Veja como entendeu o juiz federal, da 8ª Vara da Subseção Judiciária em Campinas, que apreciou o pedido liminar formulado pela ANATED, quando se deparou com o material juntado nos autos do processo: "As ilustrações em que – tutor não assistente social – prova virtual – estágio sem supervisão – aparecem, respectivamente, em embalagens de batata fritas, sanduíche e refrigerante escarnecem do serviço e de seus consumidores." E continua sua fundamentação, afirmando que: "O conteúdo em som, reproduzido à fl. 05, e vídeos (fl. 32), têm caráter altamente pejorativo ao ensino a distância em serviço social, abusando da simples crítica à qualidade daquele método. E expõem os consumidores deste método ao ridículo, tratando-os como pessoas de pouca inteligência e discernimento."
Para Luis Gomes, presidente da ANATED, só se decidiu entrar com uma ação judicial  porque a todo o momento a campanha é um ataque direto aos tutores e aos estudantes dessa modalidade. “Quem se depara com o material fica indignado com o que vê. Por isso, quando nos deparamos com a violação de preceitos que regem a nossa própria existência, nos vimos na obrigação de sair em defesa aos ataques provocativos”, esclareceu o presidente.

Comentário:

É inegável a trajetória da EAD e a nova relação que as pessoas estabeleceram com a tecnologia, nos diferentes aspectos da suas vidas e, principalmente, para o aprendizado.
Esta iniciativa da ANATED demonstra a força que uma entidade representativa pode ter para a defesa de uma categoria. Ou melhor, complementado: mais do que defender uma categoria profissional, é a busca pela valorização de uma atividade que não pode, em hipótese alguma, perder seu aspecto criativo, as competências em estimular nos alunos o aprendizado e formas pessoas críticas, independente dos meios para estimular este processo. Assim com os profissionais que nela atuam, a EAD deve ser tratada com respeito e primar sempre pela qualidade. Agora, cabe às instituições valorizarem estes profissionais tão valiosos...

Deixei um comentário com minha opinião no Blog da ANATED (http://www.anated.blogspot.com.br/)
Para quem quiser ler mais opiniões, é só acessar link abaixo:


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Desenvolvimento da intermediação pedagógica múltipla

Trecho extraído do texto de Alexandra Okada, “Novos paradigmas na educacão online com a aprendizagem aberta”.
The Open University - Knowlege Media Institute.


Numa comunidade colaborativa de aprendizagem é essencial um ambiente participativo onde todos se sintam à vontade para construir conhecimentos em conjunto.
No modelo tradicional de mediação pedagógica, o professor é o mediador e os alunos são mediados no processo de aprendizagem. O professor posiciona-se como um orientador e facilitador e seus alunos apresentam uma postura ativa e cooperativa na construção de conhecimentos. Porém, num ambiente virtual de aprendizagem que contemple a construção coletiva de redes de conhecimento, observamos que é necessária uma nova postura pedagógica.
Os participantes são também mediadores pedagógicos quando têm uma abertura maior no processo de aprendizagem. Alunos compartilham não apenas seus conhecimentos prévios e opiniões sobre o assunto; mas também reflexões críticas através de múltiplos feedbacks para todos os colegas tornando-se também co-autores das produções do curso ou de sua comunidade.
Neste sentido, na “intermediação pedagógica múltipla”, temos que:

· todos os participantes são mais críticos, argumentativos e colaborativos. Eles compartilham mais seus conhecimentos e experiências prévias, questões para todo o grupo, referências teóricas, sugestões em relação ao percurso de aprendizagem e oferecem também feedback construtivo das opiniões dos colegas.

· o aluno mediado torna-se um mediador pedagógico ao lado dos professores, seus auxiliares e colaboradores internos (colegas) e externos (autores consultados e palestrantes convidados) deixando de ser o único mediado.

· o método  propicia a aprendizagem mediada por todos. Todos aprendem com todos (professores, monitores, tutores e alunos). Todos os participantes são co-responsáveis e co-autores da produção coletiva de conhecimentos. E todos eles auxiliam um ao outro na sua produção individual.

Como resultado da intermediação pedagógica múltipla, “o ensinar aprendendo, o aprender ensinando e os desdobramentos da teoria e prática, fluem-se, espontaneamente, tornando essa participação ativa de cada qual realmente, gratificante. Isto ocorre na interatividade comunicativa tanto síncrona quanto assíncrona.”
A qualquer momento os próprios participantes fundamentados em pesquisa paralela ou pelo seu saber próprio podem também propor novos caminhos, soluções e novos rumos. Logo, todos exercem a função de pesquisadores, de aprendizes e de mediadores pedagógicos. A dinamicidade da interação e produção é provocada, incentivada e aplaudida por todos.
A motivação e o interesse são despertados para uma disposição espontânea e entusiástica de todos. Os participantes sentem-se mais preparados para promover o senso, o consenso, e o pacto. A transação de informações, rede de conhecimentos e saberes é intermediada através não apenas de múltiplos mapeamentos coletivos; como também de uma postura mais participativa, argumentativa e de co-autoria.
Nesse contexto, a intermediação pedagógica múltipla faz o seu papel de filtro e concentração no estudo comum em questão. Por isso, reacende-se a permissão mútua no passo de compreender e cooperar, indagar e ser indagado, problematizar e propor soluções. Os benefícios e as dificuldades são compartilhados por todos.
A rede de conhecimentos é construída por todos: alunos, colegas, professores, tutores, monitores, mentores, especialistas, autores de obras pesquisadas e visitantes interessados. Todos são chamados de intermediadores pedagógicos múltiplos; pois podem propor situações-problema e também contribuir com as informações significativas solicitadas. Os participantes têm a liberdade de expressar com riqueza de detalhes no conteúdo e forma, quer na comunicação síncrona quer na assíncrona.
Assim, a leitura crítica é discutida e debatida por todos interessados com tempo para sistematizar reflexões relativas individuais e em conjunto. Torna-se extremamente relevante refletir sobre o uso de tecnologias e como enriquecer ambientes abertos de aprendizagem. Isso significa tecnologia aplicada à múltiplas co-autorias, interatividade, visão crítica participativa. Para isso, algumas estratégias podem facilitar aprendizagem mais crítica, consciente e significativa: interagir com flexibilidade, identificar emergências, buscar significado com questionamentos e mapear o que é relevante.

A mediação pedagógica nos fóruns do ambiente virtual de aprendizagem

                                                                                                                Por Daniela Cartoni


A aprendizagem por parte de adultos ou jovens adultos (princípios da Androgogia) depende de avaliações que levem a construir o conhecimento a partir dos pontos fortes e fracos, sendo que ambos os aspectos merecem ser destacados de maneira positiva. O aluno que percebe um olhar acurado sobre a qualidade do seu trabalho por parte dos tutores tem a possibilidade de saber exatamente em que precisa se aperfeiçoar.
Além disso, as sugestões sobre como melhorar o desempenho acadêmico devem ser específicas e tratar dos assuntos com profundidade, apontando caminhos onde buscar mais informações confiáveis e úteis para avançar.
Os alunos têm diferentes necessidades, expectativas e experiências educacionais. Quanto mais for possível estabelecer vínculos entre suas vidas profissionais, familiares e de outros âmbitos com os objetivos de aprendizagem propostos, mais se identificarão com o curso.
Um problema sério em cursos a distância é quando alunos se sentem apenas parcialmente respondidos ou não-respondidos. É preciso atenção para evitar o retrabalho e a insatisfação que pode prejudicar as relações no âmbito da turma. É importante a auto-avaliação dos tutores sobre como são as comunicações que emitem. Verificar se as mensagens foram redigidas com clareza, que remetam às questões enfocadas, gramaticalmente corretas, objetivas, mas não monossilábicas;
Da mesma forma, o humor certamente é uma característica que é parte dessas relações a se estabelecerem, sendo bem-vindo e administrado para manter saudáveis as relações.
Em linhas gerais, a função do Professor-Tutor é conduzir o aluno ao processo de construção do conhecimento. Para isso, é necessário organizar e dirigir as situações de aprendizagem, bem como a construção de novas competências associados à EAD, como:
  • Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem;
  • Trabalhar considerando as representações dos alunos;
  • Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem;
  • Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas;
  • Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento Usar exemplos pessoais para estimular a discussão, sem tornar o ambiente virtual de aprendizagem num consultório de terapia, mas capaz de humanizar

É importante que o docente online faça sempre uma auto-reflexão, a partir de pergunta que interfere na mediação pedagógica. Alguns questionamentos que podem ajudar:

“Como valorizar adequadamente as discussões e participações propostas para que se fortaleça o ambiente adequado à aprendizagem?”

“As discussões e tarefas propostas colaboram com o cumprimento dos objetivos de aprendizagem propostos? São suficientes para tanto ou devem ser complementadas?”

“Quanto tempo em média é necessário para que os alunos cumpram com as atividades propostas?”

“Como criar meios sistemáticos para evitar o plágio e garantir a reflexão necessária por parte dos alunos?”

A principal forma de interatividade com os alunos decorre do uso dos fóruns do ambiente virtual de aprendizagem, sendo fundamental o papel desempenhado pelo Professor-Tutor com mediador pedagógico. A seguir, alguns elementos para reflexão e aprimoramento de nossas técnicas.

Atitudes a serem consideradas para mediação pedagógica:

  • Manter contato não superficial e regular com alunos (respeitando os prazos estabelecidos pela instituição para retorno às mensagem), capaz de estabelecer relacionamentos produtivos entre o grupo
  • Exercer como princípio de atuação o respeito para com a realidade dos alunos e a consciência de que possuem necessidades, anseios e desafios próprios;
  • Colaborar sem paternalismo para que os alunos tenham condições de encontrar soluções para suas dificuldades, ser problematizador sem se tornar evasivo ou incoerente;
  • Ser claro a respeito de suas expectativas e seus limites, divulgar e cumprir as regras do relacionamento e da comunicação;
  • Respeitar a confidencialidade e não expor fraquezas ou erros que possam desmotivar os participantes
  • Valorizar os melhores e mais esforçados para criar uma cultura de autoaperfeiçoamento entre estudantes;
  • Aprender com seus colegas, alunos e outros participantes dos processos educacionais e compartilhar coletivamente suas melhores experiências.

Dicas para o uso adequado do fórum

Neste sentido, considero que a atuação do professor/mediador para tornar um fórum interessante inclui:

  • Integração das mensagens e aspecto de unicidade (para que todos sintam que estão participando do mesmo fórum e não conversas diferentes no mesmo espaço, evitando uma “Torre de Babel”
  • Organização do fórum: aplicação do “5S” (uma menção à técnica de organização e limpeza usada na área de gestão organizacional) que auxilia na visualização das mensagens e agrupamento de idéia.
  • Estímulo à independência dos participantes (para que busquem informações complementares e também se sintam à vontade para responder as colegas)
  • Despertar a curiosidade sobre o assunto e o interesse pelo tema
  • Fornecer informações complementares ao material básico apresentado nos cursos, de acordo com o andamento do debate e perfil da turma. Indicar leituras e outras fontes de conhecimento, auxiliando o aluno a obter informações, procurar dados, pesquisar conteúdos e organizá-los;
  • Lançar questões desafiadoras, que estimulem o espírito crítico ou guardem relação com a prática ou aplicação do que está sendo discutido.
  • Reconhecer e gerenciar heterogeneidades do grupo, mediando conflitos (se houver)
  • Identificar problemas, mas também qualidades e potenciais dos alunos, valorizando experiências e relatos pessoais.
  • Conscientizar o aluno de que deve fazer uma boa gestão do seu tempo e avaliar seu próprio desempenho na metodologia.
  • Estimular o trabalho em equipe, mantendo a sensação de pertencimento e coesão do grupo.

É essencial, portanto, que a mediação pedagógica demonstre ipelo desenvolvimento individual de cada aluno e do grupo como um todo!

A importância da interação socio-afetiva do tutor em EAD

                                                                                                                          Por Daniela Cartoni


Todo o ser humano tem propensão para aprender e o papel do tutor é facilitar a apreensão do saber estimulando o interesse do aluno e auxiliando a superar obstáculos, mantendo-os atentos, motivados, orientados.
Para que o tutor desempenhe bem seu papel ele deve demonstrar o domínio das ferramentas que utilizara na sua tutoria. O bom tutor impressiona pela sua capacidade de demonstrar os atalhos e o manejo eficaz destas ferramentas que estão a disposição. Este também é o grande desafio.
Neste sentido, fica evidente que o trabalho de tutoria vai muito além da própria etimologia da palavra, pois:
  • Ele é o agente fundamental para a efetivação do processo
  • Ele é o elo entre aluno e instituição
  • É o responsável pelo acompanhamento pedagógico
  • Garante o bom andamento das atividades
  • Evita evasão
  • Promove o desenvolvimento da aprendizagem

Neste sentido, é muito importante a afetividade entre o tutor e o aluno. A criação de vínculo é essencial no processo de interação e estabelecimento de uma referência, para que o aluno não se sinta solitário ou desamparado no ambiente virtual. Para além da relação tutor-aluno, o essencial será o papel em estimular a relação aluno-aluno, criando interatividade, interesse em participar e troca de conhecimento.

Para que isso aconteça o tutor deve
  • Conhecer o modelo e objetivos da instituição de ensino
  • Ter capacidade de liderança e empatia
  • Criar “Laços Afetivos” onde o tutor passa a ser referencia e facilitador da aprendizagem.
  • Ser criatividade e participativo
  • Ter competência e ser inovador (no sentido de sugere leituras, viabiliza material de pesquisa, ajuda na manipulação das ferramentas que levam o aluno a autonomia no próprio ambiente e na busca de solução de conteúdo)

O vínculo afetivo é o grande aliado neste processo, pois traz segurança ao aluno facilitando o processo de aprendizagem e faz com que ele se sinta acolhido, confiante e otimista.

Algumas dicas para aprimorar a relação de afeto com o aluno:
  • O tutor não pode ser meramente quantitativo, mas avaliar o aluno qualitativamente. Ou seja: não acompanhar só a nota e a freqüência, mas suas dificuldades, o seu desenvolvimento, levando em consideração a sua história. Se possível, anotar essas questões em uma ficha de descrição de cada aluno.
  • Não deixar de se auto-avaliar em conjunto com os alunos: “Estes recursos que estou usando estão funcionando para você?” ou “Os alunos estão acompanhando o ritmo e formato da aula, de forma prazeirosa e interativa”? “As dúvidas foram sanadas?”
  • Desde o começo do curso, deixar claro para o aluno a importância dessa relação personalizada.
  • Não prometer o que não consegue cumprir. Quando tiver a incumbência de entregar notas, avisar ao aluno quando o fará, estipulando uma data para controlar expectativas e a ansiedade
  • Ter disponibilidade e comprometimento, dando retorno nos dias e horários estabelecidos. Uma vez que o tutor descumpre o prometido, o aluno desiste ou perde a confiança.

Para saber mais, dicas de sites para consultar:

GONZALES, Mathias. A Arte da Sedução Pedagógica na Tutoria em Educação a Distância

SERRA, D. T. S. Afetividade, aprendizagem e educação online
Dissertação de Mestrado em Educação, Ciência e Tecnologia, Universidade Católica de Minas Gerais, 2005.

CUNHA, F. O. da. SILVA, J. M. C. da.
Análise das Dimensões Afetivas do Tutor em Turmas de EaD no Ambiente Virtual Moodle
Trabalho apresentando no XX Simpósio Brasileiro de Informática na Educação (2009)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Modelos de EAD e a relação espaço-tempo

                                                                                           Por Daniela Cartoni


Hoje há muitas opções diferentes de estudos online, com muitas opções audiovisuais, interativas, fáceis de acessar e gerenciar e a custos bastante baixos. Paralelamente, os modelos de aprendizagem com foco em projetos colaborativos se desenvolvem com rapidez e trazem dinamismo para a EAD com o apoio em cases, análise de situações concretas ou jogos, o que lhes conferem participação e ligação grande com o mercado.


A – Cursos presenciais: É o modelo tradicional, onde professores e alunos se encontram em salas de aula, em dias e horário pré-definidos por uma grade curricular elaborada pela instituição de ensino.

B – Cursos presenciais em grupos: os alunos se encontram na instituição ou locais previamente estabelecidos para debates em grupos de pesquisa ou estudo, com acompanhamento de um responsável pelo processo de aprendizagem. Como exemplo, os encontros que ocorrem para debate do WebQuest e Quests nas unidades, onde cada turma tem seu dia de acordo com o andamento das aulas.

C - Cursos síncronos: Ocorrem é quando professor e aluno estão em aula ao mesmo tempo. Este modelo é o que mais se assemelha ao ensino presencial, principalmente na estrutura de custos, desenvolvimento e atualização de conteúdo. São usados recursos síncronos como: vídeoconferência (por meio das quais o professor ministra a aula ou webconferência) e canais de interação para que os alunos possam realizar perguntas e discussões, via email, telefone, mensagens instantâneas e outros recursos de comunicação por voz (VOIP, como o sistema Skype) e os mensageiros como um todo.

D - Cursos assíncronos: Nesta modalidade, professor e alunos não estão em aula ao mesmo tempo.  O aluno inscreve-se quando quiser, participa quando quiser e termina quando quiser.
Este modelo permite uma aproximação com a heutagogia que segundo Litto (2009, p. 17) “trata-se de uma aprendizagem autodeterminada, onde ‘o que’ e ‘como’ são decididos pelo aprendiz. “E avaliando as oportunidades oferecidas pela internet que traz oportunidades para aprendizes de todas as idades, áreas do conhecimento em que momento ou velocidade quer aprender, continua: “Com esta nova visão, é possível pensar em dar ênfase à aprendizagem – conhecimento adquirido pelo aluno – em oposição ao ensino – conhecimento fornecido ao aluno”.
No caso da intermediação em plataformas LMS, a interação ocorre quando os alunos participam de grupos de debates como parte das estratégias de aprendizagem (atividades individuais e de grupo) via fórum, e-mail ou wikis, com uma orientação mais permanente.
O professor responde dúvidas e participa de discussões em momentos diferentes do tempo. Exemplo: o aluno publica uma pergunta no fórum às 7h da manhã e o professor responde as 15h. A grande diferença no assíncrono é que cada aluno poderá ter seu tempo de aprendizagem, sendo este “elástico” – o oposto de rígido no síncrono. Cada aluno pode fazer o curso em seu tempo, hora e velocidade. Pode pensar, estudar e pesquisar antes de escrever sua atividade.
O conteúdo do curso e as atividades em parte estão preparados, mas dependem muito da qualidade e integração do grupo, da colaboração. É mais focado em colaboração do que em leitura de textos. O essencial neste grupo são as discussões e o apoio do tutor. O curso em parte está pronto e em parte é construído por cada grupo.
Ressaltando a importância da realização de cursos EaD de forma consciente e responsável, Moran (2007) destaca que:

Educação a distância não é um "fast-food" em que o aluno se serve de algo pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo - de forma presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados. De agora em diante, as práticas educativas, cada vez mais, vão combinar cursos presenciais com virtuais, uma parte dos cursos presenciais será feita virtualmente, uma parte dos cursos a distância será feita de forma presencial ou virtual-presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, intercalando períodos de pesquisa individual com outros de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos poderemos fazê-los sozinhos, com a orientação virtual de um tutor, e em outros será importante compartilhar vivências, experiências, idéias.

Para o autor, a educação online multiplica os papéis do professor, exigindo uma grande capacidade de adaptação e criatividade diante de novas situações, propostas e atividades. O tutor online necessita aprender a trabalhar com diferentes tipos de tecnologias, possuir uma visão mais participativa do processo educacional, estimular a criação de comunidades, a pesquisa em pequenos grupos, a participação individual e coletiva.
Entre as várias definições de estudiosos sobre o tema, o que há em comum é uma preocupação clara em distingui-lo:
-  do ensino presencial: separação entre  professor e aluno;
-  do auto-estudo: existência, influência e papel de uma instituição de ensino, na organização, certificação, dos cursos, no apoio ao aluno e na estruturação dos materiais de ensino.
Os modelos de EaD devem explorar as possibilidades de interação e envolvimento entre professores e alunos no ambiente virtual de aprendizagem, evitando os erros de alguns modelos que têm utilizado a internet somente como um local para disponibilizar materiais para um grande número de alunos, resultando em uso da tecnologia para atividades pedagogicamente vazias e empobrecidas.



Referências

LITTO, F. M. FORMIGA, M. (org). Educação a distancia: o estado da arte. São Paulo: Pearson: 2009.

MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 14ª edição, Campinas: Papirus, 2007. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/www.eca.usp.br/prof/moran


EAD e um novo momento da educação

                                                                                                                          Por Daniela Cartoni


A EAD traz nossas possibilidades e um novo momento da educação, que rompe com a cultura tradicional do ensino e possibilita a formação por meio de diferentes ambientes virtuais de aprendizagem.
Como destacam Maia & Mattar (2007, p. XIII) “Ainda não existe uma formação, ou melhor, um completo entendimento dos players na EaD (alunos, gestores, autores, tutores, conteudistas, professores e instituições) sobre os papéis que cada um desempenha.” Os papéis acabam se confundindo e os atores não são preparados apropriadamente para desempenhar sua função pedagógica, como deve ser especialmente com o tutor no acompanhamento do aluno tanto no amparo de suas ações no ambiente virtual, ao mesmo tempo que o transforma no construtor da sua própria aprendizagem.
Neste sentido,  o tutor (ou professor virtual) passa a atuar como um dos principais sujeitos também do processo de “aprender a ensinar”.
Há uma multiplicidade de definições sobre EaD, das quais destacamos a de Maia & Mattar (2007, p. 6) onde: “EaD é uma modalidade de educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação”.
Vejamos detalhadamente alguns destes componentes:

  • Separação no espaço entre professores e alunos: a separação geográfica e espacial presume que o aprendizado vai além da sala de aula tradicional e traz maior liberdade.
  • Separação no tempo: a separação temporal ocorre nos cursos assíncronos, com a possibilidade de que os alunos façam o gerenciamento do seu tempo e atividades.
  • Planejamento por instituições: evidente a necessidade da oferta do curso por uma instituição credenciada pelo MEC (Ministério da Educação), com o acompanhamento de profissionais especializados. Difere do auto-aprendizado espontâneo e individual, com a supervisão da aprendizagem por professores e tutores.
  • Tecnologias de comunicação: há vários suportes ao processo de intermediação da aprendizagem, como vídeo, aúdio telefone, televisão (videoconferência), emails, mensagens instantâneas e chats, facilitadas pela conexão via internet, além do uso de plataformas LMS, como o Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment). Trata-se de um software livre para gestão e controle da a-prendizagem, que permite a criação de cursos online, páginas de disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem. Suas principais características são: fóruns, gestão de conteúdos, questionários e pesquisas com diversos formatos, blogs, fóruns, glossários etc.
Na definição de Moran (2007), “educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente”.  Há modelos exclusivos de instituições de educação a distância, que só oferecem programas nessa modalidade, como a Open University da Inglaterra ou a Universidade Nacional a Distância da Espanha. A maior parte das instituições que oferecem cursos a distância também o fazem no ensino presencial, que é o modelo atual predominante no Brasil.
Para apoiar o processo de aprendizagem virtual foram desenvolvidos os LMS’s (Learning Management System), sistemas de gestão de ensino e aprendizagem na web. São softwares projetados para atuarem como salas de aula virtuais, gerando várias possibilidades de interações entre os seus participantes, como o Moodle. Com o desenvolvimento da tecnologia online, os processos de interação em tempo real passaram a ser uma realidade, permitindo com que o aluno tenha contato com o conhecimento, com o professor e com outros alunos, por meio de uma sala de aula virtual.
Michael Moore, destacado teórico em EaD, utiliza o conceito de “distância transacional” que elucida serem relevantes de fato as relações pedagógicas e psicológicas que são estabelecidas em ambientes virtuais de aprendizagem e não a distância física entre professor e aluno (ou entre alunos). Assim, as variáveis pedagógicas que diminuem a distância são: a interação entre alunos e professores, a estrutura do programa educacional e o grau de autonomia do aluno.
A difusão da EaD tem contribuído para superar a imagem de individualismo, do aluno como um ser solitário e isolado em um mundo de leitura e atividades distantes do mundo e do grupo. A internet e conexão em rede traz a flexibilidade de acesso junto com a possibilidade de integração e participação.
É fundamental neste contexto que haja o efetivo acompanhamento do professor-orientador-tutor na criação de laços afetivos, pois os cursos que obtêm sucesso, que tem menos evasão, dão muita ênfase ao atendimento do aluno e à criação de vínculos.

LITTO, F. M. FORMIGA, M. (org). Educação a distancia: o estado da arte. São Paulo: Pearson: 2009.

MAIA, C. e MATTAR, J. ABC da EaD: a educação a distância hoje. São Paulo: Pearson, 2008.

MOORE, M. G. Teoria da distância transacional. Trad. Wilson Azevedo. Brazilian Review of Open and Distance Learning. Disponível em: < http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2002_Teoria_Distancia_Transacional_Michael_Moore.pdf >. Acesso em: 22/08/2011.

MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 14ª edição, Campinas: Papirus, 2007. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/www.eca.usp.br/prof/moran



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O plágio acadêmico na era virtual

por Daniela Cartoni

O tempo gasto diante do computador, seja conectado à Internet para estudar, trabalhar ou se divertir, tem aumentado em todas as camadas etárias, assim como nas faixas de renda. Vivemos em uma era digital e este fato é inegável: correio eletrônico, blogs, fóruns, redes sociais, cursos a distância, sistemas de compartilhamento de arquivos, compras coletivas, enciclopédias virtuais, dentre vários.
É neste sentido que usamos a tecnologia para trocar mensagens, fazer amigos ou reatar amizades, fazer compras – seja para atender às necessidades ou aos devaneios consumistas -, buscar informação e fazer pesquisa sobre os mais variados assuntos.
No entanto, um fator que preocupa é que, embora seja mais fácil fazer pesquisa hoje em dia devido aos recursos tecnológicos disponíveis, o problema deixou de ser o acesso à informação e material, mas sim o que fazer com eles. O que poderia ser uma vantagem na realização de trabalhos acadêmicos passou a ser tratado como um problema por facilitar a cópia.
Palavras como plágio e violação de direitos autorais têm ganhado destaque e motivo de preocupação válida em novos tempos virtuais.
Segundo Salomon (2008), a liberdade do ambiente virtual traz algumas conseqüências, sendo que alguns destes reflexos são destacados pela autora:
- O fato de muito da informação disponível ser anômica ou a facilidade de circulação dos chamados testos apócrifos (aqueles que recebemos constantemente pelo correio eletrônico com piadas e textos sem o nome do autor) que acabam muitas vezes "recebendo" a atribuição de autoria a uma pessoa que não tem qualquer relação com o texto.
- O mesmo texto aparece em diferentes sites e ficamos na dúvida qual a fonte originial daquele material, ou seja, quem é o autor e o plagiador.
- O aparecimento de sujeitos e autores virtuais, que podem anonimamente publicar conteúdos sem consciência de seus atos ou palavras.
- Pesquisadores e professores universitários que na busca de gerar publicações estão sendo acusados de auto-plágio.
- A disseminação de páginas na internet que oferecem "serviço de apoio à pesquisa com monografias prontos e ghost writers (embora este último não seja uma novidade).
Obviamente a divulgação de produção acadêmica na internet, incluindo os trabalhos de alto nível, é uma forma importante, rápida e eficaz de disseminar o conhecimento. No entanto, a facilidade de acesso tornou a prática do plágio tão tentadora como trivial.
Na academia, o plágio é tema de debate desde o surgimento da lei de propriedade intelectual na Inglaterra, no século XVIII. Foi criada para proteger os autores e seus editores contra a pirataria literária e logo seria um modelo imitado em outros países, desde os europeus como a França até a América (Estados Unidos).
Desde os primórdios, a intenção profícua é proteger o autor das ideias e garantir-lhes reconhecimento, seja pelo retorno financeiro gerado pelas obras, como pelo prestígio e reconhecimento social dos criadores, além do resultado mais amplo que é garantir a geração de uma cadeia de avanço do conhecimento pauta na inventividade e inovação.
Apesar da facilidade de alcance de informações com a popularização da internet e a democratização ao acesso à informação, não se pode negar que seja essa uma importante fonte de informações. Mas deve-se ter muito cuidado com o chamado e reprovável “copia e cola”!!! Este prática em universidades afronta a lei dos direitos autorais e constitui um ataque ao avanço do conhecimento criativo.
Os princípios de elaboração de um texto inovador e original não podem ser esquecidos ou ceder ao plágio, que pode estar no texto de forma explícita pela cópia de trechos ou dissimulado, revestido de sutilezas por paráfrases que maliciosamente contenham alterações nas palavras ou construção das frases.
Deve ser dada extrema atenção às referências realizadas nos trabalhos para citação dos autores e, no caso do Brasil, segundo o padrão da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para trabalhos acadêmicos. Esta questão é muito importante e devemos lembrar que o plágio é crime.
No Código Penal em vigor, no Título sobre Crimes Contra a Propriedade Intelectual, há a previsão de crime de violação de direito autoral, diz o artigo Artigo 184: “Violar direito autoral: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa”. In verbis:
§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, com intuito de lucro, de obra intelectual, no todo ou em parte, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...).
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.
Complementa Furtado (2002): "Aquele que se propõe a produzir conhecimento sério (...) quer seja ele professor, pesquisador ou aluno, se obrigada a respeitar os direitos autorais alheios. Vejamos o que diz a Constituição Federal vigente, em seu artigo 5º, XVII: Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, (...). E a devida proteção legal em legislação ordinária nós a encontramos na Lei nº 9.610/98, mas precisamente nos seus artigos 7º, 22, 22, I, II e III, e 29, I."
Portanto, a cópia de internet de trechos ou do total de sites que caracterizarem “copiar e colar” é considerada plágio e desqualifica os trabalhos que recorreram a este artifício.
Para o estudante-pesquisador evitar tal situação, o ideal é fazer referência aos livros e artigos utilizados, ou seja, ao escrever as ideias do autor com suas próprias palavras no trabalho, não deixar de menciona-lo no seu texto, atribuindo-lhe a devida autoria.
A melhor forma de realizar um trabalho capaz de demonstrar todo o potencial e capacidade criativa de vocês, é bem simples:
- Observar as normas da ABNT para trabalhos acadêmicos no tocante às referências (diretas e indiretas), com a devida indicação de autoria.
- Não deixar parágrafos com contéudo sem a devida fonte de referência. Qualquer definição, conceito, argumentação, imagem, vídeo ou equação matemática que forem citados na fundamentação teórica deverá necessariamente ter uma fonte como referência.
Ressalta-se que o fato de se basear nas ideias de outros autores não é plágio, pelo contrário, é isso que se espera de um trabalho acadêmico! Nenhuma pesquisa é auto-referenciada, ou seja, resultado de uma inspiração (criativa, divina ou epifânica) de um único autor. É o resultado de um processo metódico e disciplina de pesquisa, em que é buscado o conhecimento sobre o que já escreveram os pesquisadores sobre o assunto, quais as hipóteses e resultados alcançados e quais os rumos que a ciência perseguirá para o tema escolhido.
Neste sentido, a qualidade das análises do trabalho de um acadêmico é diretamente proporcional à qualidade das fontes consultadas (cuidado especialmente com os sites escolhidos como fonte de pesquisa!) e da quantidade dos trabalhos citados. Em outras palavras, não é negativo para a avaliação um trabalho que este apresente várias referências mas, inversamente, demonstra um trabalho cuidadoso de pesquisa, onde foram avaliadas diferentes obras para que o aluno chegasse às suas próprias conclusões.
Assim, citar os autores é parte do processo de elaboração de um trabalho de pesquisa, o que é condenável é a cópia – literal ou camuflada – de trechos ou a íntegra de obras de outros autores, sejam livros, artigos, fotos, imagens, crônicas, dentre outros.
Também se deve atentar ao chamado “sampling” ou “bricolagem”, caracterizado pela mescla de trechos de autoria alheia, o que não permite ao infrator estar incólume ao plágio.
Tivemos casos recentes de grande repercussão, com o ocorrido nesta semana com renúncia do ministro alemão da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, de 39 anos, estrela do governo da chanceler Angela Merkel, depois das acusações de plágio na tese de doutorado. Acusado de ter copiado passagens inteiras de outras teses sem citar seus autores, ganhou o apelido de "Barão copia-cola" e "Barão von Googleberg". (1)
Recentemente um professor da Faculdade de Farmácia da USP, Andreimar Soares, foi demitido por plágio, após 15 anos de carreira. Ele liderou pesquisa que plagiou trabalhos de outros pesquisadores ao não creditar imagens aos autores, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). (2)
Mas não é somente no mundo científico-acadêmico que isto ocorre...
Um caso que ficou mundialmente conhecido na literatura foi o de Kaavya Viswanatha (3) , uma jovem estudante de Harvard, que após um sucesso repentino de seu romance de estreia foi desacreditada pela descoberta de que seu trabalho era na verdade uma colagem de diversas obras.
Há também o “Caso dos Escritores Jerominho”, um escândalo no mundo literário. Eles compraram um programa chamado MUSA (Mayrink’s Ultimate Simulator of Authorship), desenvolvido por Jerônimo Mayrink e vendido nos subterrâneos literários por dez mil dólares a unidade (4). Como uma “máquina de escrever ficção”, usava algoritmos para alterar a prosa de autores consagrados, embaralhar frases, trocar palavras-chave, fundir dois ou mais textos, promovendo uma remixagem geral. Os autores que utilizaram o mecanismo tiveram um desastroso fim.
Mas aconteceu também em Caicó, no Estado do Rio Grande do Norte! Um homem foi condenado por plagiar uma obra literária, ao publicar trechos do livro, na internet, como se fossem de sua própria autoria sobre a história genealógica da Família Batista, do município de Timbaúba dos Batistas (5) . O plagiador usou passagens do livro, publicando na internet com se fosse obra sua, sob o nome de “Pesquisa Genealógica”, bem como passou a vendê-lo por dez reais, cada exemplar. O infrator foi condenado a pagar indenização por danos morais, no valor de 3 mil reais, para cada um dos autores do livro. A decisão considerou que o caso deve ser analisado à luz do disposto na Lei 9.610/98, que regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos (artigo 1°), assegurando-lhe os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou (art. 22).
Busquemos a integridade e honestidade intelectual.
O aluno deve ser consciente e ter convicção que o verdadeiro conhecimento decorre sempre da ética, nunca cedendo ao plágio, o qual, além de um ato ilícito civilmente, recobre-se de reprovação moral.
Para reflexão sobre o perigo do plágio, assista a um vídeo muito interessante, chamado “Um Conto sobre o Plágio”: http://www.youtube.com/watch?v=d0iGFwqif5c.
Sem dúvida alguma, o plágio não compensa!

Notas:

Referências:

FURTADO, J. A. P. X. Trabalhos acadêmicos em Direito e a violação de direitos autorais através de plágio. 2002. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/3493/trabalhos-academicos-em-direito-e-a-violacao-de-direitos-autorais-atraves-de-plagio, acesso em 15/04/2011.
SALOMON, V. B. Perdidos entre o plágio e a originalidade. 2008. Disponível em: http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem12pdf/sm12ss04_08.pdf, acesso em 15/04/2011.